Spanair justifica fim dos voos com "riscos" de segurança
Numa entrevista ao El Periódico de Catalunya, Soriano apresentou a sua posição, depois do anúncio da ministra do Fomento, Ana Pastor, de que seria aberto um processo contra a Spanair e os seus administradores pelo cancelamento abrupto da sua atividade, pelo que a operadora poderia ser multada num valor até 9 milhões de euros e sancionada com a retirada da licença.
"As decisões sobre a suspensão dos voos na sexta-feira foram tomadas e comunicadas à direção-geral de aviação. Assim, foram adotadas com o seu apoio e seguindo as normas e as regras de prudência e segurança básicas", argumentou o presidente da Spanair.
"Não podíamos pôr a voar aviões com tantos rumores de que a companhia estava para cessar a sua atividade porque isso levantaria um risco", disse Ferran Soriano.
Segundo o gestor, "foi uma medida baseada em critérios técnicos e tomada em coordenação com eles".
Por isso, "fizemos o correto", sublinhou.
O presidente da Spanair mostrou-se convicto de que a pressão que as operadoras aéreas de baixo custo colocaram junto da Comissão Europeia para que esta revisse os investimentos que tinham sido feitos na companhia "pesaram muito" no seu encerramento.
"A perspetiva dos nossos investidores e advogados é que não tinham sido consideradas ajudas de Estado, mas isso gerou uma incerteza", admitiu o gestor.
Ferran Soriano adiantou que apesar do triste final da companhia, houve muito empenho até ao último dia da atividade, porque havia a possibilidade de conseguir "algo com muito valor para Barcelona e Catalunha".
"Fez-se o que se podia. E se outros aeroportos têm companhias e 'hub' [plataforma] não é por um esforço de cidadania ou civil, mas porque os Estados o fizeram", sublinhou.
Na sexta-feira à noite, dia 27 de janeiro, a administração da Spanair anunciou o fim da atividade da operadora aérea, depois de ter falhado as negociações para a entrada de um novo acionista na empresa, a Qatar Airways, depois de o Estado da Catalunha ter retirado o seu apoio financeiro à empresa.
Na altura, o acionista maioritário da operadora, Iniciatives Empresarials Aeronautiques (Ieasa), lamentou que não tivesse sido possível garantir a viabilidade da empresa, apesar dos esforços realizados.
A Ieasa sublinhou que apesar dos importantes esforços financeiros levados a cabo pelos acionistas desta empresa (AvançSA, Volcat 2009, Iticsa, Fira de Barcelona, Catalana d'Iniciativas e Cimalsa), a crise económica, o aumento do preço do petróleo, a concorrência e a falta de um parceiro "sólido" impediu a Spanair de continuar.
Por sua vez, o governo da Catalunha explicou que deixou de investir na companhia aérea devido à crise económica e às limitações impostas pela legislação europeia em termos de ajudas a companhias aéreas.
A Spanair, com dois mil trabalhadores, uma faturação anual de 600 milhões de euros e uma quota de mercado de 22 por cento, arrasta uma história de turbulências económicas.
As dificuldades económicas começaram a evidenciar-se em 2008, quando a companhia aérea fechou a base de Palma de Maiorca, que afetou 1.100 trabalhadores.
Fundada em 1986, a companhia aérea opera atualmente mais de 200 voos diários, tendo uma frota composta por cerca de 30 aeronaves.